COTIDIANO
Sindicato pede que MPPE suspenda visitas no Complexo do Curado
O Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária de Pernambuco (Sindasp-PE) vai pedir ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) que as visitas no Complexo Prisional do Curado sejam suspensas por 30 dias. O pedido ocorreu depois do tumulto, na manhã desta segunda-feira (26), que matou um detento, feriu outros quatro e teve dois agentes baleados. De acordo com o Sindasp-PE, também será solicitada a convocação de 79 agentes penitenciários aprovados no último concurso e abertura de novas vagas.
O motim aconteceu nos pavilhões E e F. “A gente viu quatro presos feridos e um morto no setor de permanência. Isso mostra claramente que há presos armados e pouco efetivo policial dentro das unidades prisionais. Os agentes penitenciários evitaram uma fuga em massa hoje”, disse o presidente do Sindasp-PE, João Carvalho.
“O estudo balístico mostra tiro de arma de fogo. Aí dentro tem presos com mais de cinco processos, superpopulação carcerária. Foram encontrados uma pistola .40 com dois carregadores e um revólver .38 com munições. Presos atiraram quando os agentes tentaram conter a rebelião. Isso mostra o grau de periculosidade que está o Complexo do Curado”, argumenta. Segundo ele, as armas apreendidas com os detentos haviam sido jogadas por cima do muro do Presídio Frei Damião de Bozzano. O presídio tem 494 vagas, mas é ocupado por 1.672 detentos.
Também no local, Marcellus Ugiette, titular da 19ª Promotoria de Execuções Penais, critica o Estado por aumentar o combate ao crime sem estruturar os presídios. “O resultado desse trabalho policial que o Estado vislumbra como solução para a criminalidade, o Pacto Pela Vida, mais polícia, mais carro, mais investigação… Vem pra dentro da unidade prisional”, analisa.
“Sou contrário a essa política de dar dinheiro aos estados para fazer os presídios como se isso fosse a solução. Só deveriam liberar esse dinheiro – que é público, requer acompanhamento – quando o estado apresentar um projeto de pessoal”, detalha. Ele aponta que o Governo fala em inaugurar pavilhões em Itaquitinga e Araçoiaba, mas não fala em planejamento de pessoal. “Se não frizarmos o viés de ter pessoal de apoio, os agentes especialmente, o pessoal técnico… Teremos a mesma coisa que temos no Complexo do Curado, ou seja: o mal mandando, muitas armas, o Estado sem nenhum controle efetivo dentro da unidade, exposição dos agentes penitenciário, da comunidade e dos próprios presos a um perigo total”, critica.
Ele também aponta que a altura dos muros já se provou ineficiente. “Precisamos é de inteligência para descobrir como essas armas entram. É preciso uma investigação mais efetiva”, aponta Ugiette.